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OLHAR DE XISTO

Um olhar terno mas atento e preocupado de um filho de Tabuaço sobre a vida nesta terra e de todos os que aqui vivem, de todos os presentes e os ausentes que, mesmo à distância, a amam.

terça-feira, setembro 13, 2005

Memórias de campos floridos

O CANTINHO DA SAUDADE

(dos primórdios à actualidade)



No passado dia 29 de Junho, dia de São Pedro, assisti, com gosto e proveito, no salão nobre dos paços do Concelho de Tabuaço, a uma palestra pelo professor universitário, Frei Geraldo Dias, e à apresentação do livro “Memórias Paroquiais de Tabuaço”, a cargo do Mestre em História Medieval.
A palestra, prestimosa sistematização sobre a vivência e o desenvolvimento sócio-económico-cultural das terras que hoje, grosso modo, constituem o Concelho de Tabuaço, assentava num precioso acervo de dados históricos que vieram trazer ao conhecimento difuso que possuía sobre o assunto uma base científica e documental, naturalmente enriquecedora. Se não contribuiu, por desnecessário, para aumentar o meu amor à Terra que me viu nascer, veio sem dúvida contribuir para mais esclarecidamente conhecer as raízes comuns a todos os tabuacenses e compreender a vivência quotidiana, os frutos da árvore sustentada por tais raízes.
Tabuaço, a partir dos alvores da nacionalidade portuguesa, viveu sob o impulso dos monges de Cister, a que está ligado o Convento de São Pedro das Águias, um dos pilares e um dos ex-líbris do Concelho.
Os cistercienses, ramo dos beneditinos, entraram em Portugal, em 1140. Beneditinos e cistercienses beberam ambos dos ensinamentos do seu fundador, São Bento.
Desta palestra retive, entre outras, a seguinte frase que, se não erro, o orador atribuiu a São Bento: “Ninguém pode amar a Deus que não vê, se não amar o próximo que vê”.
Considero esta frase uma síntese feliz e lapidar do espírito do cristianismo, frase esta que entronca perfeitamente nos ensinamentos de Jesus e que São Tiago já especificara, ao pregar que a fé sem obras é morta.
Pena é que este espírito se tenha vindo a degradar ao longo dos tempos, para, na actualidade, chegar a ser rebatido e combatido por quem se diz muito católico, muito religioso, muito crente, muito temente a Deus.
Se a doutrina libertadora de Jesus tivesse frutificado, em vez de ter sido desvirtuada, mais solidária e feliz seria sem dúvida a humanidade e não haveria necessidade de novas utopias, de várias tentativas desesperadas e frustrantes, ao longo da história.
Eu sei que a carne é fraca, que o homem é o lobo do homem, mas muito me consome a verificação de que, em nome da mais sã ideologia, da utopia mais nobre e que albergaria em si sementes de salvação da humanidade, se acabam por cometer as maiores atrocidades contra a humanidade.
Tenho da política uma noção nobre, porque a considero como a forma de os povos se organizarem e governarem tendo em vista o bem comum. Como me entristece quando vejo gente que faz da política (que deveria ser encarada como um serviço a prestar pelos mais dotados à comunidade que para isso e só para isso os elegeu) um negócio e usa o poder que lhe foi confiado para satisfação pessoal, par proveito próprio, dos seus familiares e apaniguados, em prejuízo dos cidadãos que confiaram nas pessoas que elegeram e nelas depositaram toda a esperança para superação das dificuldades colectivamente sentidas!
Como me alegra e seduz a política! Como me entristece a politiquice! Como os predadores da política, os aproveitadores da politiquice, me enojam e indignam!
Xisto

Um micaxisto

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