Há tempos, segui, pela rádio, o debate na Assembleia da República entre o governo e a oposição sobre o candente tema das energias.
O primeiro-ministro sumariou o que o governo já realizou e o que se propõe ainda lançar no campo das novas energias.
Ao longo do debate, foi desafiando os partidos da oposição a apresentarem os seus planos energéticos.
Nem uma achega.
No mínimo, dois terços das intervenções dirigiram-se para outros campos, que não o que estava em discussão. E a ínfima parte que pode considerar-se dentro do tema, não passou de perguntas de algibeira, de pormenor, nitidamente tendentes a “entalar” o governo. Sem o conseguir, diga-se. Nem uma crítica ao plano apresentado, muito menos uma proposta alternativa.
Fiquei sem saber se o plano governamental é bom ou mau, mas, dado o silêncio generalizado da oposição, posso ser levado a concluir que não deve ser mau, que deve ser muito bom, já que é aceite por todo o hemiciclo parlamentar. Não é o povo que nos ensina a pensar que “quem cala consente”?
Será correcta esta minha interpretação? Desconfio que não. Mas, se não é, a alternativa que resta será considerar toda a oposição uma pobreza franciscana, pelo menos em matéria de energia. Mas isto não me tranquiliza nem agrada. E pergunto-me:

tanta pobreza significará falta de bestunto ou de energia?
(André Moa)
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