DOURO MEU – ESPELHO DE ALMA
( Desenho de Gustavo Almeida)
O rio Douro gravou-se em mim, antes de mais, pela monstruosa sinfonia que entoava nas noites tempestuosas de Inverno e me acordava de um sono sobressaltado, feito de frio e aflição.
Depois entrou-me pelos olhos com todo o seu esplendor e encantamento, a pontos de não mais me ter saído da retina da alma.
No Inverno, o Douro foi para mim a paisagem bucólica de uma serra da Estrela, por força da costumada transumância, para as pastagens viçosas da margem esquerda do rio dourado, dos seus rebanhos e pastores e cães de guarda. No verão era o espelho das lavadeiras de saias levantadas com a franja presa à cintura para mal dos meus pecados de jovem esfomeado. No Outono… No Outono era a grande festa das vindimas feita de dores e cansaços cantados e tocados nos vinhedos e nos lagares.
O Douro é o meu mundo de criação, de crescimento e muito especialmente o mundo por mim imaginado, por mim pressentido no espelho das suas águas límpidas.
D0UR0 MEU – ESPELHO MEU
Rio Douro meu profeta de aventuras
Antes de te ver na minha infância
Ouvia no silêncio das noites escuras
A tua voz de fúria e de distância
Entravam pelas frinchas da taipa fendida
O teu chamamento o teu clamor
O grito plangente das tuas feridas
Que me tolhiam de ânsias e terror
Como eu temia
O furor da tua inquietude
Trazido pelo vento em noites de invernia
Quanto eu sonhei
Nos tempos da fogosa juventude
Nos dias do teu estival remanso
Junto ao teu sossego de ribeiro manso
Nas tardes quentes de Agosto
Quando espelhavas nas tuas águas
As pernas as coxas o corado rosto
Das lavadeiras que para ti cantavam
As suas sufocadas mágoas
Desde o romper da aurora até ao sol-posto
Se passava o comboio ou um barco rabelo
Levantavam as cabeças compunham o cabelo
Era o supremo instante de as mirar em corpo inteiro
Douro meu espelho meu amor primeiro
André Moa
O rio Douro gravou-se em mim, antes de mais, pela monstruosa sinfonia que entoava nas noites tempestuosas de Inverno e me acordava de um sono sobressaltado, feito de frio e aflição.
Depois entrou-me pelos olhos com todo o seu esplendor e encantamento, a pontos de não mais me ter saído da retina da alma.
No Inverno, o Douro foi para mim a paisagem bucólica de uma serra da Estrela, por força da costumada transumância, para as pastagens viçosas da margem esquerda do rio dourado, dos seus rebanhos e pastores e cães de guarda. No verão era o espelho das lavadeiras de saias levantadas com a franja presa à cintura para mal dos meus pecados de jovem esfomeado. No Outono… No Outono era a grande festa das vindimas feita de dores e cansaços cantados e tocados nos vinhedos e nos lagares.
O Douro é o meu mundo de criação, de crescimento e muito especialmente o mundo por mim imaginado, por mim pressentido no espelho das suas águas límpidas.
D0UR0 MEU – ESPELHO MEU
Rio Douro meu profeta de aventuras
Antes de te ver na minha infância
Ouvia no silêncio das noites escuras
A tua voz de fúria e de distância
Entravam pelas frinchas da taipa fendida
O teu chamamento o teu clamor
O grito plangente das tuas feridas
Que me tolhiam de ânsias e terror
Como eu temia
O furor da tua inquietude
Trazido pelo vento em noites de invernia
Quanto eu sonhei
Nos tempos da fogosa juventude
Nos dias do teu estival remanso
Junto ao teu sossego de ribeiro manso
Nas tardes quentes de Agosto
Quando espelhavas nas tuas águas
As pernas as coxas o corado rosto
Das lavadeiras que para ti cantavam
As suas sufocadas mágoas
Desde o romper da aurora até ao sol-posto
Se passava o comboio ou um barco rabelo
Levantavam as cabeças compunham o cabelo
Era o supremo instante de as mirar em corpo inteiro
Douro meu espelho meu amor primeiro
André Moa